A luta pela igualdade de gênero e a equidade salarial é um tema em constante evolução no Brasil. Recentemente, um estudo inédito realizado pelo W.Lab, uma colaboração entre os institutos Locomotiva e IDEIA, lançou luz sobre a realidade das mulheres no mercado de trabalho no país.
Horas trabalhadas vs. renda: um descompasso alarmante
Um dos resultados mais impactantes do estudo é que, embora as mulheres sejam responsáveis por 52% das horas trabalhadas, combinando tarefas domésticas e emprego remunerado, elas representam apenas 37% da renda gerada no Brasil. Isso reflete uma disparidade alarmante na divisão do trabalho e na remuneração entre os gêneros.
Além disso, o ambiente de trabalho também se mostra um local potencialmente inseguro para as mulheres. O estudo revela que 92% dos brasileiros acreditam que as profissionais do sexo feminino enfrentam mais situações de constrangimento e assédio do que seus colegas do sexo masculino.
Iniciativas públicas e a busca pela igualdade salarial
Diante deste cenário de sobrecarga e desigualdade de gênero, iniciativas públicas, como a recém-sancionada Lei da Igualdade Salarial (PL 1085/2023), desempenham um papel fundamental. Essas políticas buscam corrigir as disparidades salariais e criar um ambiente de trabalho mais justo para as mulheres. No entanto, 68% das mulheres ainda afirmam que falta tempo em seu dia para realizar outras atividades.
Apesar dos desafios, a maioria das participantes do estudo concorda que o trabalho oferece autonomia e é essencial para a independência financeira. De fato, 89% das entrevistadas concordam que “toda mulher deve ser independente financeiramente.”
Desigualdades que se acentuam nas classes sociais
O estudo revela que as desigualdades de gênero se acentuam em diferentes classes sociais. Nas classes D e E, 57% dos lares são chefiados por mulheres, o que as torna as provedoras financeiras da casa. No entanto, essas mulheres continuam acumulando a maior parte do trabalho doméstico, demonstrando a necessidade urgente de abordar questões culturais arraigadas.
Mulheres negras: dupla desvantagem
O estudo identificou que a porcentagem de mulheres chefes de família aumentou significativamente de 20% em 1995 para 50% em 2022. No entanto, as mulheres negras, apesar da crescente participação no mercado de trabalho, ainda ocupam proporcionalmente menos vagas de trabalho formal que os homens. Mesmo possuindo níveis de escolaridade semelhantes, as mulheres negras ganham 54% a menos que os homens brancos.
Em resumo, a igualdade de gênero no mercado de trabalho brasileiro permanece um desafio complexo. A busca por equidade salarial, divisão justa de tarefas domésticas e um ambiente de trabalho seguro para as mulheres exige esforços contínuos e a implementação eficaz de políticas de igualdade. O estudo destaca a necessidade de uma mudança cultural significativa para alcançar um equilíbrio real entre os gêneros.