O desafio das mudanças climáticas tornou-se uma preocupação central no mundo dos negócios, uma vez que eventos climáticos extremos continuam a impactar nosso planeta. Empresas em todo o mundo estão adotando estratégias ESG (Ambiental, Social e de Governança) para evitar consequências ainda mais catastróficas e irreversíveis para os negócios e a sociedade.
Desde a última Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP27, realizada no Egito, muitas empresas têm anunciado metas ambiciosas de redução das emissões de gases de efeito estufa e compromissos net zero. Essa é uma resposta ao objetivo de evitar que a temperatura média global aumente mais de 1,5 graus Celsius. O desafio climático agora é uma prioridade para empresas comprometidas com ESG, pois estão cientes das drásticas mudanças climáticas que já estão ocorrendo em todo o mundo.
As consequências desastrosas da instabilidade climática são visíveis em todo o mundo. Um exemplo notável ocorreu em Maui, no Havaí, onde uma combinação de seca prolongada e ventos extremos resultou no incêndio mais mortal dos Estados Unidos em mais de um século, causando dezenas de mortes e bilhões de dólares em prejuízos.
No Brasil, também enfrentamos os efeitos das mudanças climáticas, incluindo invernos mais quentes e chuvas intensas que causaram inundações e deslizamentos em várias regiões do país. Estudos revelam que a Amazônia ficou 1 grau Celsius mais quente nas últimas quatro décadas, e cidades como Campinas registraram aumentos significativos nas temperaturas máximas.
Diante desses desafios, a redução das emissões de carbono e o impacto no clima se tornaram imperativos para governos e empresas. É evidente que, para efetivamente enfrentar essa crise, precisamos olhar para toda a cadeia de valor e alinhar suas metas com as estratégias de redução de emissões das empresas.
Um estudo recente da EY ressalta essa necessidade, mostrando que mais de 90% das emissões de gases de efeito estufa (GEE) de uma organização estão relacionadas à sua cadeia de valor. Ter visibilidade completa da cadeia de suprimentos permite que as empresas tomem medidas eficazes, rastreiem materiais, compreendam os processos operacionais, coletem dados para monitoramento e implantem medidas sustentáveis.
Infelizmente, apenas metade das empresas acompanha indicadores básicos de sustentabilidade e riscos. A digitalização e o compartilhamento de dados são essenciais para melhorar a eficiência e compreender o uso de recursos.
O Relatório Global da Cadeia de Suprimentos do Carbon Disclosure Project (CDP) destaca o impacto desse desalinhamento na gestão da cadeia. Menos da metade das empresas que reportam ao CDP relatam as emissões de seus fornecedores, e apenas um terço estabelece metas para suas emissões indiretas (escopo 3), que frequentemente superam as emissões diretas em mais de 11 vezes.
A mensagem é clara: precisamos agir em rede. Todos os elos da cadeia, desde a extração de matérias-primas até a destinação de resíduos, precisam estar envolvidos. Isso significa desenvolver produtos considerando seu ciclo de vida completo, desde a produção até o descarte.
A responsabilidade socioambiental envolve o estabelecimento de relações sustentáveis com fornecedores e outras partes interessadas. É essencial criar políticas internas, cláusulas contratuais e mecanismos de avaliação, além de programas de treinamento para redução de emissões.
Na Vivo, por exemplo, envolvemos centenas de fornecedores em nossa cadeia de valor. Implementamos medidas para reduzir emissões diretas de carbono em 88% e lançamos o Programa de Carbono na Cadeia de Fornecedores. Selecionamos 125 fornecedores em categorias intensivas em carbono e incentivamos ações de redução de emissões e uso de energia renovável.
O envolvimento de nossos fornecedores é voluntário, mas temos visto um aumento significativo na conscientização e engajamento. Nosso objetivo é que essas empresas estabeleçam suas próprias metas de redução de emissões e participem ativamente da luta contra as mudanças climáticas.
A jornada rumo à sustentabilidade na cadeia de valor é desafiadora, mas essencial. Ela ajuda as empresas a reduzirem seu impacto ambiental, aumentarem sua resiliência e contribuírem para um futuro mais sustentável para todos. Além disso, essas ações podem impulsionar a posição da empresa nos rankings ESG e melhorar sua reputação como um negócio responsável.
É hora de agir em rede e envolver todos os elos da cadeia de valor na luta contra as mudanças climáticas. Juntos, podemos fazer a diferença e construir um futuro mais sustentável para as próximas gerações.