A busca pela neutralidade de emissões ganha destaque global, mas um alerta emitido durante a COP28, em Dubai, revela uma lacuna significativa. A maioria dos países engajados nessa causa ainda não estabeleceu planos claros para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis, responsáveis por uma parcela expressiva das emissões de gases de efeito estufa.
De acordo com o relatório do grupo ‘Net Zero Tracker’, aproximadamente 150 países, abrangendo 88% das emissões globais, comprometeram-se com a neutralidade de carbono. Entretanto, apenas 13% desses países delinearam compromissos para a eliminação progressiva de carvão, petróleo e gás, indicando uma falta de clareza e ação concreta nesse aspecto crucial.
A metáfora da “Dieta da Moda“: Thomas Hale, co-autor do relatório e pesquisador da Universidade de Oxford, faz uma analogia intrigante. Ele compara um plano ‘net zero’ sem estratégias claras para eliminar combustíveis fósseis a uma dieta que permite consumir gordura livremente. A metáfora destaca a necessidade de compromissos concretos e não apenas promessas vagas.
Enquanto os compromissos dos países deixam a desejar, há pontos positivos nas ações empresariais. O estudo revela que 56% das empresas envolvidas na produção de carvão estão, pelo menos parcialmente, comprometidas em eliminar gradualmente esse combustível poluente. Empresas africanas e europeias lideram nesse aspecto, superando suas contrapartes nos Estados Unidos.
Algumas iniciativas merecem destaque, como os planos legislativos da Espanha para eliminar combustíveis fósseis e as metas de redução de emissões estabelecidas por Estocolmo. Além disso, a empresa dinamarquesa Orsted, uma gigante no setor de energia, destaca-se por seu desvinculamento dos combustíveis fósseis.
O desafio da neutralidade de emissões exige ação decidida, especialmente na eliminação gradual dos combustíveis fósseis. Se quisermos evitar os impactos prejudiciais das mudanças climáticas, é essencial que os compromissos não se limitem ao papel, mas se traduzam em ações tangíveis.